Esta
não é a primeira postagem sobre a Trupé de Teatro aqui no blog e, tenho certeza,
não será a última. Um pouco atrasada no tempo do relógio, publico hoje um
encontro acontecido em outubro do ano passado, quando o coletivo promovia as oficinas temáticas durante a Mostra de Artes “Do bolso à praça”, uma das ações do Proac “Território das
Artes”, prêmio recebido em 2016.
O
Núcleo de Dramaturgia coordenado por Débora Brenga trabalhara reflexões e
textos a partir da Declaração Universal dos Direitos Humanos e o grupo
desafiou-me a conduzir um Ateliê intitulado “Eu, Tu, Ele - Nós, Vós, Eles”. O objetivo
principal era investigar a narrativa em primeira pessoa numa abordagem entre o
real e o ficcional. Na fria sorocabana, incandescemos.
Depois
de refletir um bocado acerca do título, decidi abordar um tema premente que também
contemplava a questão dos direitos humanos: o trânsito de refugiados. Os
noticiários e o próprio cotidiano se encarregavam de nos colocar frente à frente
com o assunto e o filme “Era o Hotel Cambridge”, lançado há pouco no Brasil,
valia-se do movimento dos sem-teto para trazer à tela o drama de homens e
mulheres a procurar refúgio em nosso país. Daí a buscar referência nas
fotografias de Sebastião Salgado foi um passo.
Foto: Sebastião Salgado |
No
livro Êxodos – registro
fotojornalístico de movimentos populacionais mundo afora – encontrei a imagem
que serviria de disparador para a criação dos textos. A princípio ela foi tão
somente exibida e apreciada pelo coletivo, não divulguei o lugar ou a situação
em que foi flagrada. Minha intenção era que as sensações e ideias brotassem da própria
foto e não de informações factuais a seu respeito.
Durante
a apreciação levantamos uma serie de elementos presentes e tratamos de imaginar
outro tanto. Estabelecemos relações entre os retratados, criamos situações
possíveis, enfim, exploramos a cena que se nos apresentava pelo olhar de
Sebastião Salgado.
A
próxima etapa foi a escolha de uma determinada pessoa da foto para que narrasse
aquele momento vivido. A tarefa de cada participante do Ateliê seria, então,
compor uma narrativa a partir do estabelecimento de um/a enunciador, de suas
motivações, de seu ponto de vista, de suas expectativas e assim por diante. Em
outras palavras, a personagem compartilharia em primeira pessoa a experiência daquele
momento, mas num tempo futuro, trajetória já feita.
Carlos Doles no escritório da Trupé |
Josias Padilha preferiu escrever em pé, no bar do teatro |
Mariana Bizzotto compõe sua narrativa à vontade no piso do espaço cênico |
Dado
o tempo para as criações individuais, foram feitas a leitura e a análise dos
textos. É sempre surpreendente observar a riqueza desse tipo de trabalho – a variação
de abordagens, de tons e mesmo de formatos. Uma das escrevedoras operou de modo
tão precioso o ritmo e as imagens, que parece ter composto uma canção. Bob
Dylan, pensei! E sugeri a ela que, professora de inglês, fizesse a versão.
Tivemos,
ao final, dez narrativas de travessia a dialogar com a foto de Sebastião
Salgado que, agora sim, pode ser revelada:
***
Agradeço ao grupo pelo convite e mais: pelo privilégio de vivermos teatro juntos durante todo esse tempo.
E como o blog é meu e quem manda aqui sou eu, vou dizer e pronto: amo vocês muito mais que coxinha da Padaria Real!
Adélia Nicolete
A gente troca a Padaria Real por você! <3 haha
ResponderExcluirMesmo que já tenha algum tempo desde o ateliê, ainda me recordo muito bem e ainda colho frutos desse dia, utilizando muito do que aprendi ali na prática (e com a leitura da sua tese de doutorado) com meus alunos!
Trocar a Real por mim?! Deixar órfãos os coxinhólatras?! Não precisa! Bateu saudade estou aí!
ExcluirFico feliz pelos Ateliês serem boa referência para seu trabalho. Estou à disposição, você sabe.
Com relação à postagem, também me lembro muito bem da poesia do seu texto: minha mãe tinha fé, meu pai, determinação. E, no "verso" final: meu pai tinha determinação, mas minha mãe tinha fé. Não era assim? E no meio de tudo isso, uma pegada Bob Dylan que só! Vamos juntar todos os textos e apresentar!
Um beijo, minha queria e obrigada pela visita!
Pra variar... sempre delicioso passar por aqui!!!! Hoje, resolvi deixar comentário!!!!! Beijos!!!!
ResponderExcluirViva! Obrigada pela visita e pelo comentário, meu querido! Volte sempre !
Excluir"minha vida é andar por este país...." um vai e vem e um troca toques muito bacana que esses ateliês por esse mundão sem fundo sempre proporcionam, sempre aprendizados! Passear por aqui sempre agrada a alma! beijos e com saudades dos nossos ateliês! Abraço, carinho, beijos
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirAh, menina! Um dia te levo pra Sorocaba e poderás comprovar por ti mesma a delícia desse grupo, pois sei que a coxinha da Real já provaste! rsrs Um beijo e obrigada pelo carinho!
ExcluirDeixei um comentário aqui, mas ele não vingou? Que será que eu fiz? kkkkkk
ResponderExcluirÔ minhal inda, delícia de ateliê... Vamos repetir sim.
Gratidão eterna por me trazer de volta a Sorocaba, tantos anos depois. Gratidão por me abrigar em sua casa e na casa da Trupé. Querida.
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