quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Ateliê de Iniciação à Dramaturgia e ao Roteiro Audiovisual - Teatro Sesc Paulo Autran - Brasília


(Foto: Diógenes Tavares Rossi)


Entre os dias 29 de outubro e 02 de novembro tive a oportunidade de desenvolver um Ateliê de Iniciação à Dramaturgia e ao Roteiro Audiovisual no Teatro Sesc Paulo Autran, em Taguatinga, Brasília.


A decisão por contemplar o roteiro audiovisual além da dramaturgia  para teatro partiu de uma conversa prévia com o gestor da unidade, Diógenes Tavares Rossi, que identifica na região uma demanda para a área. Formamos um grupo interessado e participativo de 15 pessoas das mais variadas formações.

(Foto: Diógenes Tavares Rossi)

Foram trabalhados textos individuais e em grupo. Lidos e analisados coletivamente, suscitaram a reflexão teórica e a abordagem das técnicas relativas à escrita para teatro e audiovisual.


Wladimir, Luíza, Ludmila e Bárbara
Escrita individual
(Foto: Diógenes Tavares Rossi)


Patrícia, João, Kaju, Paulo, Romana, Jackson e Eva
Escrita individual
(Foto: Diógenes Tavares Rossi)
De posse desse material, a turma foi dividida em três subgrupos de acordo com a área escolhida (dramaturgia para teatro ou para audiovisual). Cada equipe foi motivada a criar uma rapsódia de acordo com o estudo dos materiais, livres para incluir outras linguagens e documentos.

Luciana, Ludmila, Luíza, João, eu e Romana
Escrita coletiva
(Foto: Diógenes Tavares Rossi)

Paulo, Patrícia, Christofer e Kaju
Escrita coletiva
(Foto: Adélia Nicolete)

Jackson, Wladimir, Wállace e Eva
Escrita coletiva
(Foto: Adélia Nicolete)


Os processos foram acompanhados por mim e incluíram desde a análise dos textos criados, sua seleção por tema e/ou fio condutor, composição por recorte e colagem, montagem, sobreposição, sequenciamento, repetição, conforme sugerido por Jean-Pierre Sarrazac e Jean-Claude Carrière.


Durante o quarto encontro, cada equipe elaborou o trabalho e preparou sua apresentação ao coletivo. 

Ensaio de leitura cênica
(Foto: Adélia Nicolete)

Jackson, Eva, Wallace e Wladimir testam
o áudio de sua proposta
(Foto: Adélia Nicolete)

Rossi (de azul) auxilia na edição dos vídeos da turma
(Foto: Adélia Nicolete)

Ao final dos encontros, tivemos uma leitura dramática, uma leitura cênica e um vídeo curto. Cada trabalho foi analisado e comentado pelo coletivo. A orientação foi no sentido de direcionar o olhar para o “vir a ser” de cada proposta, pois que se tratavam de primeiras versões em busca de aprimoramento.

Leitura cênica do texto "E se"
Rapsódia criada pelo grupo
(Foto: Diógenes Tavares Rossi)


Christofer faz leitura da rapsódia criada pelo grupo
(Foto: Adélia Nicolete)

Espero que o grupo tenha se sentido estimulado a dar continuidade aos estudos e às criações iniciadas em sala. Agradeço ao Vicente e ao projeto Sesc Dramaturgias pelo convite, ao Rossi, que cuidou de tudo com atenção e competência ímpares, e a cada participante pela dedicação. Parabéns pelas produções! Boas escritas! Até a próxima!



Adélia Nicolete


segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Ateliê de Iniciação à Dramaturgia - FUNARTE SP e Sítio Cultural Alsácia




Ateliê de Iniciação à Dramaturgia - Sítio Cultural Alsácia
Parte do grupo
(Foto: William Costa Lima)


A iniciação de artistas ou estudantes à escrita e, mais especificamente, à Dramaturgia é uma paixão que me acompanha há mais de vinte anos. Em meados de março, recebi um convite da Funarte-SP para desenvolver esse tipo de trabalho em Ribeirão Pires, cidade onde moro. 

O espaço escolhido foi o Sítio Cultural Alsácia, administrado por William Costa Lima e Marc Strasser que, juntos, mantêm um grupo, o Teatro de Torneado, e a Escola Atemporal de Artes, além de oferecer cursos e oficinas os mais diversos. Um local privilegiado em todos os sentidos.

Casa principal - espaço para os cursos
(Foto: Adélia Nicolete)

Primeiro encontro do Ateliê
(Foto: Adélia Nicolete)




Foram cinco encontros, sempre às segundas-feiras. A proposta foi a criação de situações de escrita, reescrita e exercícios de cena, além de estudos teóricos e fruição de literatura dramática. O norteador de todo o processo foi a ideia de dramaturgia como tessitura de ações nos mais diferentes âmbitos da cena e a turma era composta por estudantes e professorxs de Artes Cênicas, músicos, atrizes e atores, contadorxs de histórias, artistas plásticxs, etc.



Processo de escrita do primeiro texto
Dani, William, Cri, Alê e Marc com Genet no colo
(Foto: Adélia Nicolete)


Dani e Karina trocam impressões sobre seus textos
(Foto: Adélia Nicolete)











Matheus e Thiago trocam impressões
sobre seus textos
(Foto: Adélia Nicolete)




















Seria um desperdício não usufruir do contato com a natureza. Assim, a área externa à sala de escrita foi percorrida para o estudo de dramaturgia do espaço. Na composição da rapsódia final, tais cenários poderiam abrigar as apresentações. 


Alameda central
(Foto: Adélia Nicolete)



Teatro ao ar livre
(Foto: Adélia Nicolete)


Bambuzais
(Foto: Adélia Nicolete)


(Foto: Adélia Nicolete)

Área do poço
(Foto: Adélia Nicolete)


(Foto: Adélia Nicolete)


(Foto: Adélia Nicolete)










A tragédia “Antígona” foi foi uma das peças lidas e analisadas e gerou três escrituras individuais, colocadas em jogo no teatro municipal da cidade, em 19 de agosto – tarde em que a fumaça das queimadas escureceu São Paulo.

(Foto: Adélia Nicolete)


(Foto: Adélia Nicolete)




(Foto: Adélia Nicolete)



Três da tarde com as cores do anoitecer
(Foto: Adélia Nicolete)

Foi proposta a composição de uma rapsódia com os textos escritos, com as gravações realizadas em áudio, trechos significativos das peças lidas e outros materiais à escolha de cada equipe. Sugeriu-se que a função dramaturgia fosse assumida por todes, mas que houvesse responsabilidades criativas nas áreas de direção, sonoridades, visualidades e dramaturgia.

Ao final, seriam apresentados os projetos – discussão dos procedimentos envolvidos em cada uma das rapsódias – seguidos ou não da apresentação de cenas. 


Grupo discute a rapsódia
(Foto: Adélia Nicolete)

Grupo discute a rapsódia
(Foto: Adélia Nicolete)

Grupo ensaia(Foto: Adélia Nicolete)

Apresentação(Foto: Adélia Nicolete)

Apresentação
(Foto: Adélia Nicolete)

Apresentação
(Foto: Adélia Nicolete)


Ao final de cinco encontros, somamos discussões e práticas, abordamos a técnica dramatúrgica, fruímos diferentes tipos de textos, analisamos personagens e estruturas. Compartilhamos reflexões acerca do ofício da dramaturgia e do quanto dramaturgas e dramaturgos podem aperfeiçoar o seu trabalho no contato com a cena. 

Haveria muito ainda que dizer e muitas fotos mais a publicar. Guardarei comigo cada instante vivido junto à turma – risos na intimidade conquistada dia a dia; assombros diante das próprias descobertas e criações; cumplicidade e camaradagem; coragem para lançar-se ao risco; leveza para rir de si mesmo/a; alinhamento ideológico, alimento partilhado, ar puro, verde. Encontros da melhor qualidade. Obrigada a todes. 
Até a próxima!


Glória e sua Antígona - sem filtro
(Foto: Adélia Nicolete)


Adélia Nicolete


domingo, 25 de agosto de 2019

Ateliê de Dramaturgia - Núcleo de Dramaturgia do Sesi - Curitiba


Parte do grupo e da equipe do Núcleo de Dramaturgia do SESI - Curitiba
(Foto: Lucca)


Há algum tempo adoto nos Ateliês que conduzo a ideia de Dramaturgia não apenas como produção de texto enunciado, mas como produção de cena. São experiências que visam à quebra de paradigmas, principalmente para o/a próprio/a dramaturgo/a. Alargar os limites de nossa atuação, ainda que seja para continuarmos a assumir a escrita de textos a serem enunciados.

No Ateliê de Dramaturgia do SESC no Recife, há dois anos, por exemplo, foram criados três projetos de Dramaturgia e Memória. Cada grupo fez um pitch* do que pretendia e foi questionado pelos demais, a fim de aprimorar a ideia. O tema foi o Mercado de São José, mas o exercício poderia ser aplicado ao desenvolvimento de quaisquer projetos de dramaturgia. Confiram na postagem Mercado de São José - disputa simbólica no velho Recife.

Nos dias 23 e 24 de agosto estive em Curitiba junto ao Núcleo de Dramaturgia do SESI, coordenado por Lígia Souza Oliveira e Greice Barros. O grupo tem 12 participantes e as atividades já estão em andamento – palestras, oficinas, vivências e acompanhamento de projetos. Tive total liberdade de ação e apenas dois delimitadores: carga horária de nove horas e a América Latina como norteador. Segue uma brevíssima descrição do processo.

Tecelagem andina
 processos de decolonialidade, pertecimento e geração de renda
na região de Cusco - Peru

Os Ateliês que proponho nasceram da conjunção entre Artes Plásticas e Dramaturgia, por isso decidi pelo diálogo com artistas latino-americanos, especialmente por aqueles que estivessem à margem das galerias e museus, fora do mercado. Dentre tantas possibilidades, a escolha recaiu sobre o Centro de Textiles Tradicionales del Cusco, no Peru. É evidente a analogia entre a tecelagem e a tessitura de ações que, no dizer de Eugenio Barba, define dramaturgia.

Do ponto de vista técnico, da tecelagem interessava-nos a compreensão de urdidura e de trama e sua relação com a escrita. Do ponto de vista político, o movimento realizado por um grupo de tecelãs e tecelãos peruanes em busca da recuperação de suas tradições e, consequentemente, de sua identidade. “Quem somos nós?” teria sido a pergunta geradora daquele movimento e também do nosso, agora, na construção de uma cena. 

Por que a tecelagem cusquenha e não outra? Por um dado peculiar à sua herança cultural: moças e moços em idade de noivar, encarregam-se de tecer algumas peças a fim de exibi-las e conquistar um/a parceire. Em festas comunitárias, “performam” suas habilidades técnicas e estéticas garantindo, assim, a perpetuação da atividade têxtil e da própria coletividade. Seduzir não seria também o nosso objetivo quando tecemos e performamos nossas escritas em cena?



Grupo pesquisa ações físicas



















A ideia de buscar “quem somos nós” começou com a pesquisa de ações físicas – o primeiro fio da tessitura cênica. Nela, cada participante foi convidade a identificar seus verbos cotidianos e estabelecer uma trajetória física com eles. Na sequência,  elementos relativos a pensar, sentir e querer foram levantados, de modo a constituir uma série de fios a serem tramados na urdidura da escrita. A eles foram acrescidos outros mais, da esfera da própria linguagem.


Janaína a tramar os fios do texto



Beatriz, Val e Gessé a tecer seus textos




Izabela em escrita
















Sandoval em escrita


A partir desse levantamento e de discussões a respeito, um pequeno texto foi escrito e submetido a um/a colega com vistas à reescrita. 



Alan e Carlos em audição


Duplas em audição - à frente, Janaína e Juliana


Duplas em audição


Outro fio - o do texto enunciado - foi criado: na grande urdidura da cena, tramamos também o fio da voz, na medida em que leram cada um/a o texto de outrem, depois de analisado e ensaiado. Dramaturgxs intérpretes. Restava-nos compor a rapsódia.


Fernando ensaia texto
de Val
Val ensaia texto de Sandoval
Gessé ensaia texto de Alan

À dramaturgia foram acrescidos um figurino e a trilha sonora. Ao final da experiência de escrita/tessitura cênica, corpo, texto enunciado, voz, figurino, sonoridade e espaço constituíram “Quem somos nós”. Em menos de nove horas formatamos  um espetáculo ou performance de 45 minutos num processo prazeroso e carregado de afeto, com a participação de vários não-atores a se aventurarem na cena. Com apenas alguns ensaios mais, teríamos um trabalho digno de exibição ao público e ele seria seduzido pelo que nos dedicamos a tecer.

Predisposição ao risco é essencial à Arte e não faltou ao grupo. Trouxe para casa a alegria de mais um Encontro memorável propiciado pelo Teatro. Só quem já fez é que sabe! Teatro faz bem à alma! 

Lígia, Karina e Lucca - equipe do Núcleo De Dramaturgia do SESI

Agradeço Lígia e Greice pelo convite e recepção, Karina e Lucca pelo suporte e presença. Um abraço apertado em cada participante. Aquelas vozes que ressoaram no palco às escuras moveram mundos.

Até a próxima.

Adélia Nicolete


* Pitch, um termo inglês, é a apresentação de uma ideia ou projeto a fim de convencer o público de suas qualidades.