Na
postagem do dia 15 de agosto publiquei o prefácio do livro Artes-manuais: narrativas e memórias afetivas, à época no prelo. Hoje é dia de mostrá-lo e falar um pouco sobre o processo de criação. Tudo começou no curso de Pós-Graduação em Artes-Manuais para a Educação, coordenado pela Prof. Dra. Nina Veiga e realizado n'A Casa Tombada, em São Paulo. Mentira! A história desse livro desconhece o seu começo! Digamos que um ponto inicial identificável foi... um ponto. Aquele primeiro. Ponto de um bordado ou de uma costura, de um tricô ou de um crochê; de uma pedra, ponto na rocha.
Elis mostra para Érika a peça afetiva que trouxe (Foto: Adélia Nicolete)
Rosana observa a manualidade trazida por Karina enquanto ouve sua narrativa (Foto: Adélia Nicolete)
Renata e Eliana trocam suas narrativas (Foto: Adélia Nicolete)
Cada participante escolheu em seus guardados uma dentre tantas peças confeccionadas à mão e a levou para expor ao grupo. O que tem de especial um jogo das cinco marias? Por que ainda se guarda uma caixinha de fósforos encapada com tecido? Um colarzinho de fuxicos , o que tem de mais? O que nos faz guardar uma blusa ou uma touca de tricô fora de uso? A resposta é uma só: as histórias que carregam consigo. O afeto que envolve o objeto e nos re-liga a quem o fez, a quem o ofertou e a nós mesmos. As histórias foram compartilhadas em duplas, trocadas, fio a puxar fio.
Luciana e Camila expõem e narram suas peças afetivas (Foto: Adélia Nicolete)
Vera e Fabiana em troca de narrativas (Foto: Adélia Nicolete)
Haline e Dayse apresentam suas memórias (Foto: Adélia Nicolete)
Quem fez essa peça? Quando você a recebeu ou confeccionou? Qual era a estação do ano? Quais os pontos ou qual a técnica envolvidos? Fale sobre a materialidade do objeto. Qual a sensação ao lembrar, que gosto tem essa lembrança? Onde você guarda esse tesouro? Essas e outras perguntas, feitas ao sabor da curiosidade, puxaram mais e mais recordações a fim de enriquecer os relatos.
Gabriela e Simone em narrativas afetivas (Foto: Adélia Nicolete)
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Débora e Eliana se divertem e se emocionam (Foto: Adélia Nicolete)
Mika e Suzana relembram (Foto: Adélia Nicolete)
A etapa seguinte foi elaborar individualmente o texto ouvido. Tecer por escrito a narrativa ouvida utilizando os fios narrados, mas também aqueles trazidos dentro de si ao ouvir as histórias: emoções, comparações, empatia, memórias próprias: outras texturas e cores a compor com os relatos. O quanto tem a escrita de arte-manual? Quantas escritas a habitar uma peça feita à mão? De que maneira técnicas e procedimentos, características singulares de cada objeto podem tramar com o verbo e trançar metáforas? Ensinamentos e expressões de artesãs - "linha de preguiçosa", "avesso perfeito", "lavar as mãos antes de começar o trabalho" - poderiam dar colorido à trama. De que mais nos lembramos? Esses e outros desafios foram feitos às participantes como forma de estimular a criação.
(Foto: Adélia Nicolete)
Cada texto escrito foi narrado à turma e demos início ao processo de reescrita e revisão para a publicação, a cargo de Luciana e Érika. A equipe encarregada do projeto gráfico e da diagramação tratou de tecer ainda outra camada de sentido aos textos criados.
Estúdio montado em casa de Sofia para a produção do livro (Foto: Karina Nakahara)
Karina, Sofia, Suzana e Vinícius formaram a equipe (Foto: Karina Nakahara)
Cada prancha criada foi fotografada, tratada e impressa. (Foto: Mariana Vilela)
(Foto: Divulgação)
(Foto: Divulgação)
Sofia, do projeto gráfico e da diagramação (Foto: Lara Arce)
Vinícius, da equipe (Foto: Lara Arce)
Os textos de apresentação e de encerramento foram criados e o material enviado para a impressão. Karla encarregou-se da parte comercial e o lançamento ocorreu no dia 11 de novembro, n'A Casa Tombada.
Lara e Haline na noite de lançamento (Foto: arquivo das autoras)
Cristina autografa ao lado de Karla, Vanessa e Renata (Foto: arquivo das autoras)
Daniela autografa ao lado de Paula (Foto: arquivo das autoras)
Eliana autografa junto a Karla (Foto: arquivo das autoras)
Vera autografa livro para convidado (Foto: arquivo das autoras)
O lançamento e a noite de autógrafos marcam o final do processo? O final se dá no contato com o leitor? E quando novos livros são produzidos a partir desse estímulo, são eles o encerramento? Outro aspecto a se pensar: a obra foi assumida por todas - desde os textos até a produção e a comercialiação. O quanto esse exercício capacitou o grupo? O quanto comprovou que é possível criar e publicar de maneira autônoma, estimulando novas investidas? Desdobramentos.
Nina Veiga lê um trecho do livro, ladeada por Haline (Foto: Carlos Vinícius)
No centro, Giuliano Tierno, Coordenador Geral d'A Casa Tombada e também coordenador da Pós-Graduação em Artes-Manuais para a Educação (Foto: Carlos Vinícius)
Quando se fala em processo, coisa impossível é identificar começo e final. Essa postagem, por exemplo, é um desdobramento da atividade. Os vídeos abaixo também - eles registram em parte a noite de lançamento e foram feitos por Nina Veiga, com quem compartilho a organização da publicação.
Parabéns a toda a turma pelo trabalho e por essa resultante tão bonita - agradável aos olhos, às mãos e ao pensamento! Parabéns a A Casa Tombada por iniciativas tão potentes!
Parabéns e obrigada, Nina Veiga, por esses e tantos outros Encontros!
Que venham outros textos mais - tecidos de memórias e afetos!
Esses pontos e ires e vires do infinito e além!! Que trabalho potente e que feminino atuante. Belíssimo processo, dentro e fora! Saudações aos participantes e suas ações tão pertinentes! <3
Esses pontos e ires e vires do infinito e além!! Que trabalho potente e que feminino atuante. Belíssimo processo, dentro e fora! Saudações aos participantes e suas ações tão pertinentes! <3
ResponderExcluirSim, Elaine, o livro está belíssimo! Quando nos encontrarmos, lembre-me de mostrá-lo!
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