Concluímos em novembro passado o
projeto “Alinhavando pontos da memória andreense”, uma iniciativa do grupo teatral
Pontos de Fiandeiras em parceria com a equipe do Museu de Santo André Dr.
Octaviano Armando Gaiarsa e realizado graças ao prêmio oferecido pelo Proac Difusão
de Acervo Museológico. Uma de suas inspirações foi a ação teatral realizada no Tenement Museum de Nova Iorque, já relatada nesse blog em outubro passado.
Foram dez meses entre preparação e conclusão, com atividades que
incluíram o espetáculo “Ponto segredo. Primeiros fios”; a exposição “Tramas do
trabalho, fios da memória”, com visitas mediadas e ação educativa; um Ateliê de
Memórias e uma série de encontros denominada “Tramas de ideias”, que promoveu
debates entre historiadores, artistas, pesquisadores e público em geral em
torno do tema da memória, foco de nosso trabalho.
13/05/2014 - Abertura oficial do projeto Mesa com Luís Alberto de Abreu e Sílvia Passarelli - Mediação de Sérgio Pires Foto: Débora Bolzan |
As apresentações do espetáculo
envolveram adolescentes do Ensino Médio (escolas públicas e particulares),
adultos de turmas de Ensino de Jovens e Adultos, grupos de terceira idade, além
do público espontâneo, presente graças à divulgação pela internet, por meio de
panfletos e também pela ação direta das atrizes nos arredores do Museu. Muitos dos espectadores nunca haviam frequentado
teatro, talvez por isso uma certa dificuldade no início do processo, quando
algumas turmas de adolescentes do Ensino Médio apresentaram dificuldade em
permanecer atentas ao espetáculo, chegando a atrapalhar a encenação. A partir
dessa constatação, grupo e funcionários da casa passaram a orientar professores
e alunos sobre a atividade, o que se mostrou bastante positivo dali por diante.
Divulgação do espetáculo na calçada do Museu Foto: Acervo do grupo |
Após as apresentações, um debate era
proposto a fim de aprofundar as discussões apontadas pela encenação, bem como o
próprio fazer teatral. Nesses momentos, grande parte dos presentes mostrava-se
interessada e a atividade ganhava desdobramentos não previstos. Como, por
exemplo, um grupo de jovens, estudantes de um colégio na mesma rua do Museu, mas
que nunca haviam entrado lá. Tiveram a curiosidade despertada pelo banner do espetáculo e resolveram
assistir e, depois, participar do debate, o que os deixou motivados o
suficiente para conhecer o acervo do
museu e retornar outro dia, dessa vez para um debate das “Tramas de ideias”. Casos
como esse são de suma importância em um projeto de difusão de acervo
museológico, pois se percebe que o público, o morador da cidade, está num
momento de apropriação da sua história, envolvido por uma nova esfera: a do
pertencimento.
Debate após espetáculo no Museu Foto: Acervo do grupo |
O grupo também exibiu o espetáculo fora do espaço do Museu, o que despertou grande interesse por parte das unidades
escolares e instituições, tanto que a equipe do Museu propôs levar o espetáculo
e a exposição para integrarem o Congresso de História que ocorrerá ainda esse
ano na cidade de Ribeirão Pires. Há também a proposta de realizar uma exposição
itinerante por espaços culturais, educacionais e recreativos da cidade.
O Ateliê de Memórias e Ficção foi outra
das atividades propostas pelo projeto e que teve uma avaliação positiva. Formou-se
um grupo de seis participantes que durante oito encontros foram estimuladas a
criar textos a partir de suas próprias recordações, bem como da apreciação de
objetos e imagens do acervo da instituição. Um dos encontros foi realizado na
Livraria Alpharrabio, o que diversificou ainda mais a experiência.
Vista parcial da exposição "Tramas do trabalho, fios da memória" Foto: Débora Bolzan |
Segundo a Gerência de Preservação da
Memória, “Alinhavando pontos da memória andreense” foi um projeto inovador na
história da instituição, já que a junção de diversas atividades complementares
tais como teatro, exposição, palestras, cursos e ação educativa permitiu, por
exemplo, que outros coletivos pensassem novos projetos de difusão do acervo
museológico. Tanto é que se verificou na última edição do projeto Proac Difusão
de Acervo Museológico, outros grupos de teatro e de dança apresentando suas
propostas à Secretaria de Cultura.
19/09/2014 - Público e Debatedores do encontro "Tramas de ideias" Foto: Débora Bolzan |
O apoio dos funcionários do Museu foi fundamental
para que o projeto transcorresse com sucesso. Desde a divulgação, o contato com
as escolas, o agendamento de grupos, até a organização das salas para as apresentações
do espetáculo, as sessões dos debates e os encontros do Ateliê de Memórias,
enfim, a parceria foi intensa e efetiva. Há que se agradecer também aos amigos, artistas, debatedores, visitantes e espectadores. Nada teria sido possível sem o esforço conjunto.Que venham novos trabalhos e parcerias!
Adélia Nicolete, Roberta Marcolin Garcia e Camila Shunyata
Um belo projeto que já deu frutos e muitos ainda dará. Parabéns a todos os envolvidos.
ResponderExcluirObrigada, Dalila. Seu apoio e sua presença nesse movimento foram (são) fundamentais. Um abraço!
ExcluirMas é orgulho para mais de metro! Como singelezas fazem processo na alma! Fico imensamente feliz pelo projeto ter atingido aos mais diferentes olhares (gostaria de ter uma ideia de quantas pessoas assistiram ao espetáculo no decorrer do projeto) e constatar a importância disso em nosso meio que abarca a arte com tanto carinho. É preciso sim levar essas vivências e experiências o mais longe possível. O mundo carece desse amor pelo bom, pelo belo, pelo poético! Que sigam-se os ventos e as marés da inspiração e que esse projeto some-se à muitos mais. Quem venha o próximo tema!! Abraços à todo grupo que alcançou tão alegre e creio que tão plenamente seus maiores objetivos. Eu daqui fico só curtindo as conquistas!! todo afeto, Elaine
ResponderExcluirElaine, leio com atraso de quase quatro meses a sua mensagem. Por um lado é curioso o efeito disso: estamos em outro processo (que você tem acompanhado) e é bom sabermos que o anterior teve uma trajetória tão positiva. isso nos dá forças pra seguir em frente. E, claro, seu olhar também. Obrigada, querida!
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