Cena do espetáculo "Dassanta" - 2010 Dramaturgia e Direção de Solange Dias Foto: Felipe Veríssimo |
Nossas referências sobre o teatro no ABC muito se devem às pesquisas e publicações de Paschoalino Assumpção e José Armando Pereira da Silva. Foi por meio deles que pudemos entrar em contato com as origens operárias do teatro feito em nossa região, bem como seu desenvolvimento até meados dos anos 1960. O que ocorreu depois disso, e foram muitas e variadas manifestações, ainda carece de registro.
Para
ficarmos circunscritos a Santo André, podemos citar os festivais de teatro
amador que, retomados nos anos 1980 e encerrados na década seguinte, atendiam a
demanda dos grupos que, pouco a pouco, aumentavam em número e, já sob
influência do teatro feito em São Paulo, propunham inovações temáticas e
formais. Os centros de cultura nos bairros, o trabalho de Augusto Boal com os
artistas da cidade, as EMIAS (escolas municipais de iniciação artística), a
criação da Escola Livre de Teatro são também algumas das experiências à espera
de registro adequado.
Dos
grupos amadores surgidos nos anos 1980 dois, nascidos em espaços escolares,
geraram o Teatro da Conspiração. Um deles foi o TeHOR Movimento Artístico,
formado em 1985 por alunos da FATEA (Faculdades Integradas Teresa D'Ávila, hoje
FAINC), o outro foi o Içué de Talhe, formado por alunos do Colégio Singular.
Anos depois, alguns componentes dos dois grupos se uniram e formaram um
terceiro, o Póstumo e Diluto, que atuou até meados dos anos 1990. Com a
dissolução do grupo, uma parte dos artistas formou o Teatro do Abaporu, que
passou a atuar tanto na cena quanto em trabalhos pedagógicos junto às
comunidades andreenses.
O
sonho de ter seu trabalho reconhecido por um maior número de espectadores levou
muitos artistas e grupos a migrarem para São Paulo, como, aliás, o fizeram
artistas de gerações passadas. Não foi diferente com o Teatro do Abaporu, que
desenvolveu espetáculos na capital, mas acabou retornando a Santo André nos anos
1990. Nesse retorno, remanescentes do grupo se uniram a alunos da FATEA, das
oficinas culturais e da ELT para a montagem de Partida, de Luís Carlos
Leite, dando origem ao Teatro da Conspiração, no ano 2000.
Na
atuação do grupo podem ser identificados elementos já presentes nos trabalhos
dos anos 1980: dramaturgia autoral e pesquisa formal, agora aliadas à temática histórica, em Geração 80 e Tito, e
social, em Partida e Cantos periféricos. Dois desses textos já foram publicados. Outros
dois foram tema de mestrado na USP e na UNICAMP.
A
partir de 2004, o Teatro da Conspiração retoma seu caminho pedagógico e inicia
uma segunda vertente de atuação, o Teatro da Transpiração, projeto desenvolvido
no Parque Escola de Santo André. O local que antes era dedicado tão somente às
atividades botânicas passa a ser frequentado aos domingos por jovens atores
que, aos poucos, trazem para este lado da cidade um número cada vez maior de
espectadores e inauguram um novo espaço teatral na comunidade.
O
grupo chega a 2010 com novas montagens, núcleos independentes e o mesmo espírito
que o acompanha desde suas origens, 25 anos atrás: o espírito amador e
artesanal. Amador porque realizado sem patrocínio, sem fomento, quase sempre de
forma cooperativada. Artesanal porque feito com paixão, sem os ditames do
mercado e apesar do pessimismo que volta e meia decreta o fim ou a
inviabilidade desse tipo de trabalho.
Um
teatro de qualidade que está indissoluvelmente ligado à evolução das artes
cênicas na região e ao qual muito me orgulho de também estar indissoluvelmente
ligada. Viva!
2014 - 10 anos do Teatro da Transpiração
29 anos do Teatro da Conspiração
(Texto publicado originalmente pelo grupo em 2010)
http://teatrodaconspiracao.blogspot.com.br/
maiores informações sobre artistas e grupos do período podem ser encontradas em
http://aoentretempos.blogspot.com.br/
http://teatrodaconspiracao.blogspot.com.br/
maiores informações sobre artistas e grupos do período podem ser encontradas em
http://aoentretempos.blogspot.com.br/
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