sábado, 18 de novembro de 2017

Relicário (2) - Grupo de Arte Ponkã


Na seção Relicário de hoje, alguns programas de espetáculos do Grupo de Arte Ponkã, de São Paulo. 

Formado nos anos 1980 por artistas descendentes de imigrantes japoneses e ocidentais, o Ponkã notabilizou-se, a princípio, por exercícios cênicos próximos da performance e das possibilidades de conexão entre as culturas de origem. O próprio nome do grupo - fruto híbrido de laranja e mexerica - denotava a "esquizofrenia e a dificuldade de harmonizar conceitos ocidentais e orientais de ética, filosofia e comportamento". *

Ao longo de quase uma década de atividades, o coletivo alternou espetáculos criados coletivamente com outros de dramaturgia autoral - caso de O pássaro do poente, escrito por Carlos Alberto Soffredini a partir de uma lenda japonesa; caso também de Quioguen, adaptação de peças curtas orientais. Muitos artistas passaram pelo grupo, que encerrou a carreira em 1991, depois de produzir cerca de seis espetáculos.

Vale lembrar que a curta duração de um conjunto tão promissor foi causada, em grande parte, pela epidemia de aids que marcou a década de 1980 no Brasil e no mundo. A classe artística ficou desfalcada em todos os setores e o Ponkã chegou a perder pelo menos três de seus componentes originais.

Ao lembrarmos de algumas criações do grupo, é possível identificar propostas inovadoras ainda hoje.

***

Abaixo, três programas, compartilhados na íntegra a fim de visualizarmos também o contexto de cada produção. 
No documento 2 atentar para o Manifesto Ponkã, que inaugurou oficialmente o grupo.

Para ampliar, clique sobre a imagem.



1 - Folheto do Centro Cultural São Paulo de março de 1983, onde consta o anúncio do primeiro espetáculo do grupo: "Tempestade em copo d'água".

Interessa notar também as aulas de dança com Marilena Ansaldi e uma apresentação de mímica da então iniciante Denise Stoklos.










2 - Programa do segundo espetáculo do grupo - "Aponkãlipse" - publicado pelo Centro Cultural São Paulo em 1984.

Atentar para o Manifesto Ponkã, escrito por Ubiratã Tokugawa (Paulo Yutaka) no verso do folheto.




3 - Programa do espetáculo "Pássaro do Poente", dramaturgia de Carlos Alberto Soffredini, cuja estreia deu-se no Teatro Ruth Escobar em 25 de março de 1987.






* Mais informações sobre o grupo, consultar o site Itaú Cultural.


Adélia Nicolete


terça-feira, 14 de novembro de 2017

Artes-Manuais: narrativas e memórias afetivas


(Foto: Mariana Vilela)


Na postagem do dia 15 de agosto publiquei o prefácio do livro Artes-manuais: narrativas e memórias afetivas, à época no prelo. Hoje é dia de mostrá-lo e falar um pouco sobre o processo de criação.

Tudo começou no curso de Pós-Graduação em Artes-Manuais para a Educação, coordenado pela Prof. Dra. Nina Veiga e realizado n'A Casa Tombada, em São Paulo. 
Mentira! A história desse livro desconhece o seu começo!

Digamos que um ponto inicial identificável foi... um ponto. Aquele primeiro. Ponto de um bordado ou de uma costura, de um tricô ou de um crochê; de uma pedra, ponto na rocha.


Elis mostra para Érika a peça afetiva que trouxe
(Foto: Adélia Nicolete)















Rosana observa a manualidade trazida por Karina
enquanto ouve sua narrativa
(Foto: Adélia Nicolete)


Renata e Eliana trocam suas narrativas
(Foto: Adélia Nicolete)

















Cada participante escolheu em seus guardados uma dentre tantas peças confeccionadas à mão e a levou para expor ao grupo. O que tem de especial um jogo das cinco marias? Por que ainda se guarda uma caixinha de fósforos encapada com tecido? Um colarzinho de fuxicos , o que tem de mais? O que nos faz guardar uma blusa ou uma touca de tricô fora de uso? A resposta é uma só: as histórias que carregam consigo. O afeto que envolve o objeto e nos re-liga a quem o fez, a quem o ofertou e a nós mesmos. As histórias foram compartilhadas em duplas, trocadas, fio a puxar fio.


Luciana e Camila expõem e narram suas peças afetivas
(Foto: Adélia Nicolete)

Vera e Fabiana em troca de narrativas
(Foto: Adélia Nicolete)





Haline e Dayse apresentam suas memórias
(Foto: Adélia Nicolete)







Quem fez essa peça? Quando você a recebeu ou confeccionou? Qual era a estação do ano? Quais os pontos ou qual a técnica envolvidos? Fale sobre a materialidade do objeto. Qual a sensação ao lembrar, que gosto tem essa lembrança? Onde você guarda esse tesouro? 

Essas e outras perguntas, feitas ao sabor da curiosidade, puxaram mais e mais recordações a fim de enriquecer os relatos.


Gabriela e Simone em narrativas afetivas
(Foto: Adélia Nicolete)

[
Débora e Eliana se divertem e se emocionam
(Foto: Adélia Nicolete)













Mika e Suzana relembram
(Foto: Adélia Nicolete)














A etapa seguinte foi elaborar individualmente o texto ouvido. Tecer por escrito a narrativa ouvida utilizando os fios narrados, mas também aqueles trazidos dentro de si ao ouvir as histórias: emoções, comparações, empatia, memórias próprias: outras texturas e cores a compor com os relatos. 

O quanto tem a escrita de arte-manual? Quantas escritas a habitar uma peça feita à mão? De que maneira técnicas e procedimentos, características singulares de cada objeto podem tramar com o verbo e trançar metáforas? Ensinamentos e expressões de artesãs - "linha de preguiçosa", "avesso perfeito", "lavar as mãos antes de começar o trabalho" - poderiam dar colorido à trama. De que mais nos lembramos?

Esses e outros desafios foram feitos às participantes como forma de estimular a criação.



(Foto: Adélia Nicolete)


Cada texto escrito foi narrado à turma e demos início ao processo de reescrita e revisão para a publicação, a cargo de Luciana e Érika.

A equipe encarregada do projeto gráfico e da diagramação tratou de tecer ainda outra camada de sentido aos textos criados.



Estúdio montado em casa de Sofia para a produção do livro
(Foto: Karina Nakahara)



Karina, Sofia, Suzana e Vinícius formaram a equipe
(Foto: Karina Nakahara)


Cada prancha criada foi fotografada, tratada e impressa.
(Foto: Mariana Vilela)




(Foto: Divulgação)


(Foto: Divulgação)


Sofia, do projeto gráfico e da diagramação
(Foto: Lara Arce)



Vinícius, da equipe
(Foto: Lara Arce)


















Os textos de apresentação e de encerramento foram criados e o material enviado para a impressão. Karla encarregou-se da parte comercial e o lançamento ocorreu no dia 11 de novembro, n'A Casa Tombada.



Lara e Haline na noite de lançamento
(Foto: arquivo das autoras)




Cristina autografa ao lado de Karla, Vanessa e Renata
(Foto: arquivo das autoras)


Daniela autografa ao lado de Paula
(Foto: arquivo das autoras)







Eliana autografa junto a Karla
(Foto: arquivo das autoras)


Vera autografa livro para convidado
(Foto: arquivo das autoras)


















O lançamento e a noite de autógrafos marcam o final do processo? O final se dá no contato com o leitor? E quando novos livros são produzidos a partir desse estímulo, são eles o encerramento? Outro aspecto a se pensar: a obra foi assumida por todas - desde os textos até a produção e a comercialiação. O quanto esse exercício capacitou o grupo? O quanto comprovou que é possível criar e publicar de maneira autônoma, estimulando novas investidas? Desdobramentos.


Nina Veiga lê um trecho do livro, ladeada por Haline
(Foto: Carlos Vinícius)

No centro, Giuliano Tierno, Coordenador Geral d'A Casa Tombada
e também coordenador da Pós-Graduação
em Artes-Manuais para a Educação
(Foto: Carlos Vinícius)

Quando se fala em processo, coisa impossível é identificar começo e final. Essa postagem, por exemplo, é um desdobramento da atividade. Os vídeos abaixo também - eles registram em parte a noite de lançamento e foram feitos por Nina Veiga, com quem compartilho a organização da publicação.









Parabéns a toda a turma pelo trabalho e por essa resultante tão bonita - agradável aos olhos, às mãos e ao pensamento! Parabéns a A Casa Tombada por iniciativas tão potentes! 

Parabéns e obrigada, Nina Veiga, por esses e tantos outros Encontros!

Que venham outros textos mais - tecidos de memórias e afetos!


Adélia Nicolete


Aqui o site d'A Casa Tombada.

Para aquisição do livro, deixar mensagem inbox na página d'A Casa Tombada no facebook.


sábado, 4 de novembro de 2017

Relicário: "Hamletmachine" - 1987


Relicário


Inauguro hoje uma seção no blog: Relicário – lugar de se guardar relíquias.

E quais são as relíquias de uma pesquisadora? Papel. No meu caso, pelo menos, são livros e muitos, muitos recortes de jornais e revistas, programas de teatro e cinema colecionados ao longo dos anos 1980 e 1990, principalmente. São centenas de recortes a ocupar um armário de aço, daqueles com quatro gavetas e pastas suspensas, e a dividir espaço com materiais de aula e, claro, com os ácaros. Milhões de ácaros.

Daí que surgiu a ideia de digitalizar a coleção e, aos poucos, disponibilizá-la na rede: um jeito de facilitar o acesso e de compartilhar esse tesouro com outres pesquisadores.

Aviso que vai ser bem aleatório! Ao sabor do gosto pessoal, do garimpo, do que for suscitado pelo tempo presente.

***

Para dar início à série, decidi por uma crítica de Edélcio Mostaço ao espetáculo “Hamletmachine”(1987). Texto de Heiner Müller, direção de Márcio Aurélio, interpretação de Marilena Ansaldi.


Crítica publicada no Caderno Ilustrada
Folha de S. Paulo - circa 1987

Para ampliar, basta clicar sobre a imagem

Segundo Mostaço, Heiner Müller estava no Brasil na ocasião, trazido pelo Instituto Göethe e “estranhou a performance solo, mas ficou entusiasmado com os resultados alcançados por Marilena e a encenação de Márcio Aurélio – que, de fato, eram excelentes.”

Assisti à encenação no Teatro Igreja, há tempos desativado, no bairro da Bela Vista, em São Paulo. Na mesma época, a editora Hucitec lançara a coletânea de quatro peças do autor - Teatro de Heiner Müller - , ainda inédito entre nós. Ao que parece, o livro teve apenas uma edição.






Em caso de interesse, sugiro a leitura da postagem sobre BR-Trans, em que traço um paralelo entre a proposta de encenação e a performance de Silvero Pereira e o espetáculo "Hamletmachine".


Adélia Nicolete




quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Mercado de São José - disputa simbólica no velho Recife


Uma das quatro portas de entrada do Mercado de São José
(Foto: Adélia Nicolete)


A todes participantes do
Ateliê de Dramaturgia e Memória do Recife



Um dos mais famosos do Recife, o Mercado de São José ocupa uma grande área próximo ao Cais de Santa Rita, onde realizamos o Ateliê de Dramaturgia e Memória entre agosto e setembro desse ano. São inegáveis seu valor arquitetônico, econômico, social e sua importância histórica como palco de várias disputas simbólicas ao longo do tempo. Por isso, consideramos tomá-lo como "disparador" de um processo criativo que resultou em roteiros de ações, narrativas e um projeto coletivo de dramaturgia. É disso que trataremos em linhas gerais nessa postagem.



"Área fria" do Mercado, destinada aos frutos do mar
(Foto: Adélia Nicolete)


Sua história remonta ao século 19, quando comerciantes se reuniam em frente à igreja de Nossa Senhora da Penha, na chamada Ribeira do Peixe, para distribuir seus produtos sob o sol, longe das condições ideais de higiene e numa atmosfera caótica. Intentava-se naquele momento a substituição dos mercados de rua e do comércio informal e popular por modelos europeus. Isabel C. M. Guillen, nossa principal fonte de pesquisa para o trabalho, informa que

“Durante décadas, investiu-se na imagem de Recife como a Veneza Brasileira, valorizando seu conjunto arquitetônico, a beleza das pontes que atravessam o Capibaribe, as linhas imponentes do Bairro do Recife, as igrejas coloniais.” *


Nessa idealização, as bancas dispostas indiscriminadamente ao ar livre, a mistura de peixe com outros alimentos e mercadorias; os pregões e as cantorias; quituteiras, cordelistas, mágicos e outros ambulantes deveriam ser banidos. 


"Foi com o objetivo de modificar hábitos e costumes arraigados entre a população recifense que a administração pública decidiu construir o Mercado de São José, edifício que, em seu projeto arquitetônico inspirado no mercado de Grenelle, simbolizava e resumia todos os ideais de modernidade, salubridade e civilidade discutidos e aspirados pela elite."

Inaugurado em 1875, não demorou muito para que sua vocação popular transbordasse. Novas barracas foram instaladas à sua volta, num processo incontrolável, gerador de inúmeros conflitos com a polícia e a administração pública. Seu projeto original foi descaracterizado pelos comerciantes na medida de seus interesses e necessidades: subdivisão de box, estreitamento de corredores, etc. 


Corredores da alimentação e do artesanato
(Foto: Adélia Nicolete)



Reformas foram feitas na tentativa de reverter o processo e, como medida para barrar mais e mais alterações, em 1975 - ano do centenário do edifício - o mercado foi tombado como patrimônio arquitônico da cidade. O tombamento, por sua vez, gerou outros tipos de conflito, agravados pelo incêndio ocorrido em 1989.

Modelo de resistência, o Mercado de São José e todo o seu entorno, segue um dos principais centros de abastecimento da cidade. É possível verificar, desde as primeiras horas da manhã, o grande afluxo de consumidores em busca de peixes e frutos do mar, de artesanato e alimentos típicos encontrados no interior do edifício. À volta dele, em carrinhos, barracas e lojas, são vendidos os produtos horti-fruti, roupas, utensílios domésticos,  bem como ervas e outros materiais destinados à fitoterapia e às práticas afrodescentes.

Foi esse o ambiente motivador de nossos estudos históricos e de nossas criações.

(Foto: Adélia Nicolete)




(Foto: Adélia Nicolete)






(Foto: Adélia Nicolete)


O processo teve início na primeira fase do Ateliê, em agosto, quando foram desenvolvidos exercícios de escrita em diversos formatos, estudos teóricos e a leitura de peças teatrais cuja temática envolve a memória. 

Durante o intervalo entre as duas etapas, o grupo se encarregou de pesquisar a respeito do Mercado de São José, de ler e analisar duas peças que viriam a ser discutidas em conjunto no mês de setembro: A moratória, de Jorge Andrade e Caranguejo overdrive, de Pedro Kosovski em colaboração com Aquela Cia. Os dois textos, distantes 60 anos, abordam de maneiras distintas a questão da disputa simbólica e sua análise prestou-se a intensivo estudo formal, registrada na postagem anterior deste blog.

O contato mais detalhado com as duas peças e o paralelo realizado entre elas foram atividades indispensáveis para o desenvolvimento do que veio a se seguir na medida em que abordaram uma série de questões. Como trabalhar com diferentes momentos históricos? Como operar com materialidades de características diversas? Como estruturar uma dramaturgia de múltiplas origens? Em que momentos o diálogo interpessoal é a melhor via de expressão na cena e quando a narrativa e os procedimentos épicos são a melhor solução? Quando abrir mão da dramaturgia verbal em nome de outros discursos tão ou mais potentes?

A próxima etapa foi dirigir-se ao Mercado e integrar-se à sua rotina num exercício de observação ativa. Os pés na calçada do Sesc Santa Rita (abrigo do Ateliê) marcaram o início do passeio. A partir dali, cada participante ativaria todos os sentidos na busca por integrar-se ao ambiente. Cheiros, sons, imagens e falas; objetos, detalhes urbanísticos e arquiteônicos, pessoas e animais; percursos, surpresas, novidades e o já bem conhecido – tudo deveria ser anotado. Conversas não estavam proibidas, tampouco entrevistas. O único delimitador era o tempo: 90 minutos.


Lidiane em observação ativa
(Foto: Adélia Nicolete)


Bruno já na etapa de observação
(Foto: Adélia Nicolete)






















Paulo André anota o que sente, ouve,
observa e conhece, após tantos anos 
como frequentador
do local
(Foto: Adélia Nicolete)





























Ytalo em seu posto de observação
(Foto: Adélia Nicolete)

Períodos de caminhada e movimento foram seguidos de observação mais alentada em um único lugar. Deixar-se contagiar pela vida pulsante do Mercado, integrar-se a ele. Ouvi-lo, compreender suas marcas e seus sinais. Dialogar de corpo e espírito com o espaço. E recolher os tesouros encontrados.


Breno em exercício de observação
(Foto: Adélia Nicolete)



Ao fundo, Anderson anota suas observações
(Foto: Adélia Nicolete)

Em sala, as anotações foram compartilhadas com o grupo e teve início uma discussão sobre possibilidades dramatúrgicas suscitadas pelo estudo histórico, pela arquitetura e pelas observações coletadas. Personagens e trajetórias foram sugeridos – fruto da observação, da pesquisa bibliográfica ou da imaginação. 


Os peixeiros e a "orquestra de facas", 
conforme observou um participante
(Foto: Adélia Nicolete)

A senhora que perambula no Mercado
(Foto: Adélia Nicolete)






O gato que virou narrador
(Foto: Adélia Nicolete)



Na sequência, cada participante decidiu-se por um determinado momento de acirrada disputa simbólica no Mercado, escolheu ou criou dois personagens e tratou de definir-lhes uma pequena trajetória naquele contexto. 

Um roteiro de ações foi criado para cada personagem e, a seguir, uma narrativa em primeira pessoa que transmitisse a experiência imaginada. Para isso, usamos como principal referência as narrativas presentes em Caranguejo overdrive, em especial as do personagem Cosme. Diálogos também estavam previstos na medida em que fossem suscitados pela ação.

Todos esses exercícios de escrita foram devidamente compartilhados e discutidos com os colegas com vistas ao aprimoramento. Sua qualidade, sem dúvida, foi fruto de todas as práticas da primeira fase, das leituras e discussões e da cumplicidade estabelecida entre todos.

A experiência culminou em um projeto coletivo de dramaturgia elaborado por três participantes do Ateliê a partir dos estudos realizados e das narrativas criadas por toda a turma. **


Lidiane, Bruno e Paulo André elaboram projeto de dramaturgia
(Foto: Adélia Nicolete)

O trio foi orientado a examinar todo o material disponível, refletir sobre as possibilidades de sua utilização e estruturar uma dramaturgia que privilegiasse a questão das disputas simbólicas. Foram solicitados o conceito geral e os objetivos do projeto; o espaço cênico e a relação com o público, assim como aspectos relativos à concepção estética, à utilização de hipertextos e de outros recursos e, finalmente, à produção.

Nosso propósito foi motivar os participantes à criação de uma rapsódia com os textos criados. A eles poderiam juntar-se músicas, fragmentos audiovisuais, material teórico, literatura, artes plásticas e tudo mais que concorresse para o tratamento teatral da memória a ser trabalhada.

A elaboração de projetos e sua "defesa" são, cada vez mais, parte integrante do trabalho de dramaturgas e dramaturgos, daí que, no último encontro, Lidiane, Bruno e Paulo André apresentaram e "defenderam" seu projeto a fim de serem arguidos pela turma. 


Equipe apresenta projeto
(Foto: Adélia Nicolete)

Esse e os demais projetos coletivos de dramaturgia criados pelo grupo mostraram-se viáveis e despertaram a vontade de vê-los realizados. Esperamos que os participantes tenham sido fisgades pela Memória como material dramatúrgico. 

Que a Arte em nosso país seja devidamente valorizada e que saia vitoriosa das tantas disputas simbólicas em que se vê envolvida ao longo de nossa História.


Parte da turma do Ateliê de Dramaturgia e Memória
(Foto: Adélia Nicolete)


Adélia Nicolete


* Todas as citações da postagem referem-se a:

GUILLEN, Isabel Cristina Martins. Mercado de São José: contando histórias em um lugar de memória. ANPUH – XXV SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA – Fortaleza, 2009. 

O artigo pode ser acessado nesse link.

** Outros dois projetos coletivos tiveram como base os textos criados na primeira fase do Ateliê.

Mais informações sobre o Mercado de São José, acessar o site Faces do São José.