quinta-feira, 30 de junho de 2016

Storm King Art Center - o tio da América do nosso Inhotim

Inhotim - um dos lagos, ao fundo, à direita, "Invenção da cor", 
obra de Hélio Oiticica
(Foto: Adélia Nicolete)


Muitos de vocês conhecem ou já ouviram falar do Instituto Inhotim.
Localizado em Brumadinho, próximo a Belo Horizonte, é uma iniciativa pioneira no Brasil e tem atraído turistas do mundo todo, pois alia as belezas naturais da geografia mineira, com um jardim botânico bastante rico, a um instituto de arte contemporânea.


Arte e natureza integradas proporcionam uma experiência estética por vezes contrastante, mas equivalente em sua essência. Muitas das obras foram planejadas para compor com a paisagem ou para explorar determinada característica do terreno – uma antiga fazenda.
Quando o estímulo inicial não foi esse, é possível ao público elaborar a sua própria composição. Na imagem acima, para ficarmos em um só exemplo, a fotógrafa buscou, entre inúmeros ângulos, um que melhor relacionasse água, vegetação, arte, céu, luz, visitantes. Há, portanto, uma atividade não só de fruição do espaço, como também de criação por parte de quem visita o local.

Uma mistura de patriotismo e ignorância me fazia pensar que Inhotim era uma ideia original, só nossa. Porém, ao visitar em 2013 o Storm King Art Center (SKAC), cuja fundação remonta aos anos 1960, percebi que acabara de conhecer um tio seu, bem distante.


À esquerda "Mermaid", obra de Roy Lichtenstein
Diferente de Inhotim, que é bem mais adensado de obras, o SKAC prioriza a natureza. Há grandes espaços sem obra alguma e as diferentes estações - bem marcadas no hemisfério norte - proporcionam experiências diversas ao longo do ano. Essa imagem é do início da primavera.
(Foto: Adélia Nicolete)


Roy Lichtenstein - Mermaid
(Foto: internet)



No início da primavera a vegetação ainda estava seca, mas cheia de brotos.
Visitar SKAC, em que época for, permite uma vivência que agrega ao deleite visual os cheiros, o som dos pássaros, os ruídos - inclusive o da auto-estrada que passa bem próximo -, as sensações térmicas e táteis em geral. 
O caminho asfaltado cortando a foto, além de permitir caminhadas e ciclismo, é usado pelo trem que faz um tour básico de apresentação. Gratuito, o trenzinho dispõe de uma gravação em áudio que comenta as obras na medida em que elas se aproximam. 
(Foto: Adélia Nicolete)


A montanha Storm King inspirou o nome da antiga fazenda que, a partir dos anos 1960, começou a abrigar cada vez mais obras de arte até que se tornou uma fundação. 
Distante mais ou menos 90 minutos de Manhattan, o parque está localizado em Mountainville, no vale do rio Hudson. Trata-se de uma área com mais de uma dezena de condados (municípios), conhecida justamente pelas mais de 500 atrações que oferece entre  museus, casas históricas, jardins, parques, festivais, espetáculos, centros culturais, etc.
(Foto: internet)


Mark di Suvero - Bardersnatch - 1999-2010
A obra está emprestada ao Storm King Art Center. Há trabalhos que foram doados à Fundação, outros que foram adquiridos e são permanentes e outros ainda que são expostos apenas temporariamente.
Todos os trabalhos desse artista que estão no parque foram, feitos em aço e levaram anos para serem concluídos, sempre acompanhados de perto pelo autor, que também participava como operário.
(Foto: Adélia Nicolete)


Mark di Suvero - Pyramidian - 1987-1998
Obra adquirida pela Fundação Ralph E. Ogden, mantenedora do local.
Pyramidian tornou-se uma espécie de símbolo da ideia de integração entre terra, céu e arte, que preside o Storm King Art Center. Assim como as outras obras expostas, ela inspira em cada visitante a  criação de suas próprias imagens-obras, como na foto abaixo.
(Foto: Adélia Nicolete)



(Foto: Adélia Nicolete)


Alexander Calder - The arch
A escultura de Calder , assim como muitas outras, plantadas quase que definitivamente na paisagem, faz lembrar de duas das mais antigas referências dos parques de esculturas: os moais da Ilha de Páscoa, no Chile, e as pedras gigantes de Stonehenge, na Inglaterra.
(Foto: Adélia Nicolete)



Andy Goldsworthy - Storm King wall
Esse muro, que atravessa uma grande extensão do parque, adéqua-se à vegetação, chegando a "atravessar" o lago e ressurgir na outra margem, prosseguindo por mais um bom trecho.
Ele foi construído com pedras do local, retiradas de construções e é também uma das marcas registradas no SKAC.
(Foto: Adélia Nicolete)

a mesma obra, no inverno, quando o Centro de Artes permanece fechado ao público
(Foto: internet)



... e no outono.
(Foto: internet)
A quem se interessar, o site do museu oferece algumas informações históricas, bem como fotos, notícias e informações sobre a compra dos ingressos e das passagens de ida e volta. Um  ônibus de linha sai da estação de Port Authority, no centro de Manhattan. Há também um vídeo bem legal na janela "about".



Adélia Nicolete

Esta postagem foi publicada originalmente em
http://papelferepedra.blogspot.com.br/2013/06/storm-king-art-center-o-tio-da-america.html