segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Ateliê de Dramaturgia - Trupé de Teatro


Esta não é a primeira postagem sobre a Trupé de Teatro aqui no blog e, tenho certeza, não será a última. Um pouco atrasada no tempo do relógio, publico hoje um encontro acontecido em outubro do ano passado, quando o coletivo promovia as oficinas temáticas durante a Mostra de Artes “Do bolso à praça”, uma das ações do Proac “Território das Artes”, prêmio recebido em 2016.



O Núcleo de Dramaturgia coordenado por Débora Brenga trabalhara reflexões e textos a partir da Declaração Universal dos Direitos Humanos e o grupo desafiou-me a conduzir um Ateliê intitulado “Eu, Tu, Ele - Nós, Vós, Eles”. O objetivo principal era investigar a narrativa em primeira pessoa numa abordagem entre o real e o ficcional. Na fria sorocabana, incandescemos.

Depois de refletir um bocado acerca do título, decidi abordar um tema premente que também contemplava a questão dos direitos humanos: o trânsito de refugiados. Os noticiários e o próprio cotidiano se encarregavam de nos colocar frente à frente com o assunto e o filme “Era o Hotel Cambridge”, lançado há pouco no Brasil, valia-se do movimento dos sem-teto para trazer à tela o drama de homens e mulheres a procurar refúgio em nosso país. Daí a buscar referência nas fotografias de Sebastião Salgado foi um passo.


Foto: Sebastião Salgado

No livro Êxodos – registro fotojornalístico de movimentos populacionais mundo afora – encontrei a imagem que serviria de disparador para a criação dos textos. A princípio ela foi tão somente exibida e apreciada pelo coletivo, não divulguei o lugar ou a situação em que foi flagrada. Minha intenção era que as sensações e ideias brotassem da própria foto e não de informações factuais a seu respeito.

Durante a apreciação levantamos uma serie de elementos presentes e tratamos de imaginar outro tanto. Estabelecemos relações entre os retratados, criamos situações possíveis, enfim, exploramos a cena que se nos apresentava pelo olhar de Sebastião Salgado.


A próxima etapa foi a escolha de uma determinada pessoa da foto para que narrasse aquele momento vivido. A tarefa de cada participante do Ateliê seria, então, compor uma narrativa a partir do estabelecimento de um/a enunciador, de suas motivações, de seu ponto de vista, de suas expectativas e assim por diante. Em outras palavras, a personagem compartilharia em primeira pessoa a experiência daquele momento, mas num tempo futuro, trajetória já feita.

Carlos Doles no escritório da Trupé

Josias Padilha preferiu escrever em pé, no bar do teatro

Mariana Bizzotto compõe sua narrativa à vontade
no piso do espaço cênico




















Dado o tempo para as criações individuais, foram feitas a leitura e a análise dos textos. É sempre surpreendente observar a riqueza desse tipo de trabalho – a variação de abordagens, de tons e mesmo de formatos. Uma das escrevedoras operou de modo tão precioso o ritmo e as imagens, que parece ter composto uma canção. Bob Dylan, pensei! E sugeri a ela que, professora de inglês, fizesse a versão. 

Tivemos, ao final, dez narrativas de travessia a dialogar com a foto de Sebastião Salgado que, agora sim, pode ser revelada:



***

Agradeço ao grupo pelo convite e mais: pelo privilégio de vivermos teatro juntos durante todo esse tempo. 

E como o blog é meu e quem manda aqui sou eu, vou dizer e pronto: amo vocês muito mais que coxinha da Padaria Real!

Adélia Nicolete









9 comentários:

  1. A gente troca a Padaria Real por você! <3 haha
    Mesmo que já tenha algum tempo desde o ateliê, ainda me recordo muito bem e ainda colho frutos desse dia, utilizando muito do que aprendi ali na prática (e com a leitura da sua tese de doutorado) com meus alunos!

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    1. Trocar a Real por mim?! Deixar órfãos os coxinhólatras?! Não precisa! Bateu saudade estou aí!
      Fico feliz pelos Ateliês serem boa referência para seu trabalho. Estou à disposição, você sabe.
      Com relação à postagem, também me lembro muito bem da poesia do seu texto: minha mãe tinha fé, meu pai, determinação. E, no "verso" final: meu pai tinha determinação, mas minha mãe tinha fé. Não era assim? E no meio de tudo isso, uma pegada Bob Dylan que só! Vamos juntar todos os textos e apresentar!
      Um beijo, minha queria e obrigada pela visita!

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  2. Pra variar... sempre delicioso passar por aqui!!!! Hoje, resolvi deixar comentário!!!!! Beijos!!!!

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    1. Viva! Obrigada pela visita e pelo comentário, meu querido! Volte sempre !

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  3. "minha vida é andar por este país...." um vai e vem e um troca toques muito bacana que esses ateliês por esse mundão sem fundo sempre proporcionam, sempre aprendizados! Passear por aqui sempre agrada a alma! beijos e com saudades dos nossos ateliês! Abraço, carinho, beijos

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Ah, menina! Um dia te levo pra Sorocaba e poderás comprovar por ti mesma a delícia desse grupo, pois sei que a coxinha da Real já provaste! rsrs Um beijo e obrigada pelo carinho!

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  4. Deixei um comentário aqui, mas ele não vingou? Que será que eu fiz? kkkkkk
    Ô minhal inda, delícia de ateliê... Vamos repetir sim.

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    1. Gratidão eterna por me trazer de volta a Sorocaba, tantos anos depois. Gratidão por me abrigar em sua casa e na casa da Trupé. Querida.

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