Pouco
sabemos a respeito de Deborah Berger. Apesar da beleza de seu legado, ela foi
uma artista que se manteve à margem da sociedade. Nascida em Nova Jersey (EUA)
em 1956, logo cedo foi diagnosticada como autista. Frequentou escolas especiais
e chegou a se formar no ensino médio, mas sua vida foi dedicada às artes-manuais.
Deborah
aprendeu a costurar quando menina e perto dos dez anos fazia as próprias roupas,
os brinquedos e criava jogos e objetos escultóricos utilizando-se de fios.
Deborah Berger - Sem título (Hobby Horse) - Detalhe - Crochê Acervo do American Visionary Art Museum |
Deborah Berger - Sem título (Hobby Horse) - Crochê Acervo do American Visionary Art Museum |
Quando adulta, com dificuldade para ter um emprego regular, a artista posava como modelo para desenhistas e contava com a ajuda de familiares, o que permitiu que nos últimos cinco anos de sua vida ela morasse sozinha em um apartamento em Nova Orleans. Foi lá que produziu sua extensa obra, descoberta apenas em 2005, quando faleceu.
Deboras Berger - Sem título (Túnica e máscara) - Técnica mistaAcervo do American Visionary Art Museum |
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Ao
entrar em seu apartamento, a família deparou-se com uma infinidade de peças e,
por desconhecer o valor estético ou atribuir sua produção à “doença” de Deborah,
tratou de descartá-las. Eram túnicas, vestidos, saias, máscaras, calçados, adornos
de cabeça e outros objetos em tricô e crochê. Conta-se que um membro do
Conselho de Artes de Nova Orleans descobriu os trabalhos em uma pilha de lixo e
resgatou-os. Eles foram integrados ao acervo do Museu de Artes de Nova Orleans que,
após o furacão Katrina, cuidou de transferi-los para a Coleção Permanente do American Visionary Art Museum.
Deborah Berger - Sem título (Saia e adorno de cabeça) - Técnica MistaAcervo do American Visionary Art Museum |
Deborah Berger - Sem título (Adorno de cabeça) - TricôAcervo do American Visionary Art Museum |
Deborah Berger - Sem título (máscara) - TricôAcervo do American Visionary Art Museum |
A coleção contempla mais de cem itens. Além dos já descritos há também mantas, tapetes, cestos e peças em grandes dimensões. A maioria dos trabalhos são peças de vestuário, muitas delas de inspiração africana, além de bolsas; chapéus e boinas; xales e echarpes; anéis, brincos e pulseiras - tudo a partir do fio.
Adélia Nicolete
ROUSSEAU, Valérie. Deborah Berger. In: AMERICAN FOLK ART MUSEUM. When the curtain never comes down: performance art and the alter ego. New York: American Folk Art Museum, 2015. p. 34-35
American Visionary Art Museum:
Adélia gratidão por esta partilha de artes e incompreensões. Poucas pessoas percebem o que não é visível, e mesmo que o seja. A vida carece de mais leveza e sensibilidade.
ResponderExcluirObrigada pela visita e pelo comentário. Há uma série de outras postagens no blog a respeito de artistas como Deborah Berger, diagnosticados com algum tipo de distúrbio ou simplesmente vivendo à margem. Saíram do anonimato completo graças ao olhar diferenciado de pesquisadoras e pesquisadores.
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ResponderExcluirQuerida! que achado!! Esse pouco saber sobre ela revela muitíssimo! é impossível não lembrar da referencia mor: Louise Bourgeois! Mesmo sendo padrões díspares, a conexão é inevitável. A alma que expressa tema e contexto, mas se mantem no campo do subjetivo - e este por vezes inconsciente sempre nos brinda com o Belo! E o blog encerrando o ano de 2017, com uma chave colorida e plena de significados! Que haja sempre por parte de todos esse olhar afetivo para com essas produções! Que bom que há pessoas que olham além! Gratidão querida!! E que venha 2018 com novas descobertas!!!
ResponderExcluirQuerida, pego carona com Deborah e Louise para agradecer por mais um ano de visitas e comentários no blog. O excesso de leituras e escritas muitas vezes impede que a maioria dos que acessam as postagens proponham um diálogo com a blogueira, seja por aqui seja pelo facebook. No entanto, mesmo com a agenda ocupada, você sempre cuida de ler atentamente e comentar - o que a faz co-autora. Um grande abraço pra ti e que em 2018 a Arte ganhe cada vez mais espaço e menos censura.
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