segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Ateliê Intensivo de Memórias e Ficção – Museu de Santo André Dr. Octaviano Armando Gaiarsa / Grupo Pontos de Fiandeiras


Foto: Rosimara Rampazzo


Entre o final de agosto e o começo de setembro últimos, o grupo de teatro Pontos de Fiandeiras promoveu no espaço do Museu de Santo André Dr. Octaviano Armando Gaiarsa o Ateliê Intensivo de Memórias e Ficção, sob minha responsabilidade. A iniciativa fez parte da ocupação Alinhavando pontos da memória andreense, que o grupo tem feito no local desde abril desse ano, graças ao edital do Proac para Difusão de Acervos Museológicos.

Dirigido a iniciantes na escrita, o Ateliê foi apenas uma das várias ações propostas. Paralelamente a ele, ocorrem apresentações do espetáculo Ponto segredo. Primeiros fios para escolas e público em geral; uma exposição com visitas monitoradas cujo tema é o trabalho no ABC paulista, além de encontros, palestras e bate-papos acerca da memória da região – foco de pesquisa da equipe atualmente.

Ao todo, o Ateliê contou com seis participantes que, durante oito encontros, criaram textos a partir da memória pessoal e também a partir do acervo do Museu e da Livraria Alpharrábio. No primeiro módulo, as recordações de cada uma das escrevedoras brotou a partir de estímulos diversos e gerou narrativas,  depoimentos, poesias, invariavelmente compartilhados com o grupo e analisados a fim de gerar possíveis reescritas. No segundo módulo, fotografias e objetos referentes a pessoas desconhecidas foram os disparadores de diários, confissões e micronarrativas de ficção.

Todas as atividades foram permeadas por reflexões acerca do exercício da escrita, por análise de textos literários e teatrais, e também por observações relativas à técnica e aos recursos da própria língua. Igualmente importantes foram as discussões a respeito das fronteiras praticamente invisíveis entre o registro memorialístico e a ficção. Primeiro, pelo fenômeno da rememoração em si – permeado via de regra pelo esquecimento, pela seleção ou pela modificação de fatos e impressões de acordo com fatores os mais diversos. Segundo, porque o texto, mesmo sob o rótulo de não-ficção, para que apresente uma qualidade dita literária, deve lançar mão de estratégias que lhe acrescentarão, eventualmente, elementos ficcionais. Entre o fato e a narrativa do fato flui o rio caudaloso do tempo, das emoções, das interpretações, das intenções e, talvez mais do que tudo, do desejo de seduzir o leitor.

Agradecemos às equipes do Museu e da Livraria Alpharrábio pela acolhida.
Que o Ateliê frutifique!


Mais informações sobre o projeto desenvolvido no Museu
podem ser encontradas no blog:

http://alinhavandopontos.blogspot.com.br

2 comentários:

  1. E essa matéria verte que é uma beleza!! Fico muito contente em saber que iniciativas assim, coroam a criatividade, colaboram na formação das pessoas, ampliam o olhar e favorecem a perspectiva de guardar memórias e ao mesmo tempo desfazer-se delas. Acredito realmente no poder da escrita e esse poder ganha asas e valores quando mesclado com projetos como esse. Parabéns ao grupo, ao espaço e a toda trama ancestral, feminina ou não que soma-se ao ato da escrita. Ao ato de criar! um forte abraço na esperança de que o grupo revele suas produções de alguma forma... :-) beijos também, Elaine

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  2. Foi uma experiência preciosa, Elaine, que esperamos seja repetida em breve. Daí você poderá juntar-se a nós e trazer seus fios para essa trama da memória. Em breve publicaremos alguns textos resultantes no blog do projeto. Beijos!

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