sábado, 9 de maio de 2015

"perdidos-achados-escritos" - Exposição na Livraria Alpharrabio


 


Arte de Luzia Maninha utilizando materiais encontrados dentro de livros


Quem ama os livros e faz deles companheiros sabe que são bem mais que um ajuntamento de folhas impressas. Diversão, ensinamento, desafio, válvula de escape, oráculo, tudo isso um livro pode ser. E quando falamos do objeto livro outras funções se agregam e ele pode virar carteira, pasta, arquivo, cofre, esconderijo. No momento em que o livro deixa de ser o seu conteúdo e passa a ser um continente, quase tudo nele cabe. Há livros em que nós mesmos nos guardamos!

Imaginem agora um sebo. Muitos e muitos livros que, além das palavras e imagens neles inscritas, guardam um pouco da história de seus leitores e companheiros. Não é de se espantar, quando se abre um deles ao acaso, a chuva de pequenos itens que ali fizeram morada. Tanto tempo guardados entre as páginas, que aprenderam a ser livro também e é assim que eles se reconhecem.

Um livreiro que se preze divisa em cada objeto encontrado o fragmento de uma vida, ali deixado e, por uma série de motivos, esquecido. Por que não criar para cada um deles pequenos textos e estabelecer um diálogo criativo com novos leitores? Por que não dar a eles um destino de livro, verdadeiro, impresso para que possam guardar, talvez, novos itens e novos fragmentos de vida?

Foi esse justamente o mote da exposição “perdidos-achados-escritos”, idealizada por mim em comemoração aos 23 anos da Livraria Alpharrabio de Santo André e que contou com a minha curadoria juntamente com Dalila Teles Veras e Luzia Maninha.

Adélia Nicolete, Luzia Maninha e Luís Alberto de Abreu, um dos autores participantes
(Foto: Wilson Rodrigues)

No dia 21 de fevereiro de 2015 inauguramos a exposição perdidos-achados-escritos, em comemoração aos 23 anos da Livraria Alpharrabio de Santo André.

Parte dos livros artesanais em exposição
(Foto: Luzia Maninha)


O evento foi a culminância de um processo iniciado em outubro de 2014 e que teve como curadoras Dalila Teles Veras, Luzia Maninha e eu. A inspiração para o projeto surgiu dos materiais encontrados dentro dos livros (o Alpharrabio é também um sebo) e colecionados por Dalila ao longo dos anos. Uma primeira mostra desses materiais fora realizada há exatos 20 anos, organizada pelo poeta Zhô Bertolini. Para a nova versão, imaginamos acrescentar à iconografia textos literários, mais especificamente microtextos.

com Zhô Bertolini, em frente ao "lambe-lambe" com reproduções de textos da exposição
(Foto: Luzia Maninha)


Em outubro de 2014 criamos um blog e o alimentamos com uma seleção de 50 daqueles objetos. Em seguida, enviamos um e-mail convite a frequentadores do Alpha e público em geral para que escolhessem até três imagens e nos enviassem um microtexto para cada uma delas. A partir dessas mais de cem criações, a designer Luzia Maninha elaborou um livro artesanal em que o material perdido tornou-se a capa e o propósito do texto.

Roberta Marcolin Garcia e Geancarlla Ranulfo junto à pequena Diana exibem os livros em que figuram suas escritas
(Foto: Luzia Maninha)

Paralelamente às escritas individuais, em novembro foram promovidos dois Ateliês Relâmpago de Escrita Criativa que coordenei na própria livraria e que tinham como objetivo criar textos a partir de uma dinâmica coletiva.

Ateliê Relâmpago de Escrita(Foto: Luzia Maninha)

Em janeiro de 2015 foi criada uma página no facebook para a divulgação paulatina dos escritos, o que atraiu um público ainda maior para a exposição, em cartaz até o final de abril de 2015.

Dalila Teles Veras
(Foto: Wilson Rodrigues)

Adélia Nicolete

Para conhecer o blog do projeto, acessar:

http://perdidosachadosescritos.blogspot.com.br/


Para conhecer a página do facebook:

https://www.facebook.com/PerdidosAchadosEscritos?fref=ts






2 comentários:

  1. "Uai" (adorei),
    "cadê" (esta tb é bem a meu gosto e daqui a pouco dizem que estou falando "brasileiro" - ???)
    Voltando ao assunto:
    - Uai, cadê os bonequinhos para nós curtirmos (ops.... outro vocábulo de além mar) este seu regist(r)o?
    Muito bonito, denotando um carinho muito especial por todo o conteúdo aqui explanado.

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    1. Isa, minha fofolete (uma bonequinha famosa nos anos 1970/80)! Só agora li sua mensagem! Pois é, os bonequinhos estão no face, mas eu considerei a postagem plenamente curtida por você, sempre tão presente, mesmo do outro lado do oceano. Te conhecer foi um dos prazeres desse projeto. Obrigada, querida!

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