Anos 1980. No Brasil e no mundo a aids fazia milhares de vítimas. Associada a princípio aos homossexuais, recebeu a alcunha de "peste gay" e só mais tarde verificou-se que o contágio poderia se dar por meios diversos e atingir quaisquer pessoas expostas a ele, fosse pelo consumo de drogas ou mesmo pela saliva, por exemplo. Enquanto isso e antes que fossem desenvolvidas terapias eficazes, a doença assombrava a todos, seja pela rapidez com que as vítimas sucumbiam, seja pelo processo doloroso e fisicamente degradante a que estavam submetidas.
Capa do programa da peça brasileira |
Admitir o contágio significava submeter-se a julgamentos morais ou, em grande parte dos casos, assumir uma orientação sexual até então secreta. Dado que a causa mortis não é a aids, mas sim as consequências causadas por ela, muitas famílias escondiam seus doentes e alegavam terem falecido de algum outro problema. Foram anos de medo e assombro.
O abalo causado em toda uma geração produziu, no mínimo, uma grande obra teatral: a peça Angels in America, do norte-americano Tony Kushner, encenada no início da década seguinte.
O abalo causado em toda uma geração produziu, no mínimo, uma grande obra teatral: a peça Angels in America, do norte-americano Tony Kushner, encenada no início da década seguinte.
Sucesso absoluto nos Estados Unidos, o espetáculo em duas partes recebeu diversos prêmios e foi transformado em minissérie para televisão e também em ópera. No Brasil, a montagem da primeira parte se deu ainda nos anos 1990, sob a direção de Iacov Hillel.
O programa aqui apresentado informa sobre a peça, fala a respeito do dramaturgo e dá voz a ele, além de esclarecer, em páginas mais à frente, sobre alguns personagens e temas abordados na trama. Trata-se de um documento que pode interessar a quem se dedica à escrita para teatro: quais os motivadores, as figuras e os fatos que estimularam a criação.
A seguir, temos algumas imagens do espetáculo brasileiro, seguidos dos créditos da produção e de um breve currículo do elenco e de parte da equipe. Alguns dos atores vieram a ter grande destaque no teatro, no cinema e na televisão nos anos seguintes. É digo de nota sabê-los envolvidos com a encenação de Angels in America.
Como se pode verificar nas páginas finais do programa, em épocas anteriores aos editais de financiamento às artes, os apoiadores eram essenciais à produção de um espetáculo. garantiam desde a alimentação da equipe até o fornecimento de matéria-prima e mobiliário para a cenografia, por exemplo, ou o figurino, o transporte e a divulgação.
Assisti a Angels in America - Parte I no Teatro Ruth Escobar, em São Paulo, no dia 19 de novembro de 1995.
Adélia Nicolete
Obs: Para uma melhor visualização das imagens, basta clicar sobre elas.
A dissertação de mestrado de Marcio A. da S. de Deus intitulada "Análise dos recursos épicos em Angels in America, de Tony Kushner", defendida em 2014 na FFLCH - USP pode ser acessada para download aqui.
Matérias e críticas do espetáculo podem ser acessadas em:
Ilustrada 17 julho 1995
Ilustrada 5 maio 1995
Ilustrada 5 maio 1995 - parte 2
Ilustrada 27 junho 1995
A dissertação de mestrado de Marcio A. da S. de Deus intitulada "Análise dos recursos épicos em Angels in America, de Tony Kushner", defendida em 2014 na FFLCH - USP pode ser acessada para download aqui.
Matérias e críticas do espetáculo podem ser acessadas em:
Ilustrada 17 julho 1995
Ilustrada 5 maio 1995
Ilustrada 5 maio 1995 - parte 2
Ilustrada 27 junho 1995
Memórias incríveis, tive a oportunidade de assistir, já tem tempo!!! mas é sempre bom quando relembramos o bom teatro, o texto, o programa e como tudo era feito na batalha e expressividade! O fazer artístico em seus pilares muito nos ensinaram. Há de se comungar com isso tudo para fazer no hoje, nossas melhores expressões!! Saudações ternas e em alguns casos etéreas aos participantes. Sei que Iacov, batalhou muito para essa produção! Bons tempos né?
ResponderExcluirElaine, postei a respeito desse espetáculo porque achei uma produção bastante ousada para a época. Apostou-se na força da obra e não seu potencial midiático - a série televisiva ainda não fora lançada. Um investimento muito grande e arriscado de talento e grana. Bons tempos, vividos intensamente! Beijos!
ExcluirAdélia, muito emocionante ver aqui o registro da montagem do Iacov, que tive a alegria e honra de participar. Um momento marcante de diálogo entre uma encenação e a vida social. abs Lucia Romano
ResponderExcluirOi, Lucia. Que bom encontrá-la por aqui. Espetáculo memorável, assim como a sua atuação. Abraço grande.
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