Foto: Rosimara Rampazzo |
Entre o final de agosto e o
começo de setembro últimos, o grupo de teatro Pontos de Fiandeiras promoveu no
espaço do Museu de Santo André Dr. Octaviano Armando Gaiarsa o Ateliê Intensivo
de Memórias e Ficção, sob minha responsabilidade. A iniciativa fez parte da ocupação
Alinhavando pontos da memória andreense, que
o grupo tem feito no local desde abril desse ano, graças ao edital do Proac
para Difusão de Acervos Museológicos.
Dirigido a iniciantes na escrita, o Ateliê foi apenas uma
das várias ações propostas. Paralelamente a ele, ocorrem apresentações do espetáculo Ponto segredo. Primeiros fios para
escolas e público em geral; uma exposição com visitas monitoradas cujo tema é o
trabalho no ABC paulista, além de encontros, palestras e bate-papos acerca da
memória da região – foco de pesquisa da equipe atualmente.
Ao todo, o Ateliê contou com
seis participantes que, durante oito encontros, criaram textos a partir da memória
pessoal e também a partir do acervo do Museu e da Livraria Alpharrábio. No primeiro
módulo, as recordações de cada uma das escrevedoras brotou a partir de
estímulos diversos e gerou narrativas,
depoimentos, poesias, invariavelmente compartilhados com o grupo e
analisados a fim de gerar possíveis reescritas. No segundo módulo, fotografias
e objetos referentes a pessoas desconhecidas foram os disparadores de diários,
confissões e micronarrativas de ficção.
Todas as atividades foram
permeadas por reflexões acerca do exercício da escrita, por análise de textos
literários e teatrais, e também por observações relativas à técnica e aos
recursos da própria língua. Igualmente importantes foram as discussões a respeito das
fronteiras praticamente invisíveis entre o registro memorialístico e a ficção.
Primeiro, pelo fenômeno da rememoração em si – permeado via de regra pelo
esquecimento, pela seleção ou pela modificação de fatos e impressões de acordo
com fatores os mais diversos. Segundo, porque o texto, mesmo sob o rótulo de não-ficção,
para que apresente uma qualidade dita literária, deve lançar mão de estratégias
que lhe acrescentarão, eventualmente, elementos ficcionais. Entre o fato e a narrativa do fato flui o rio caudaloso do tempo, das emoções, das interpretações, das intenções e, talvez mais do que tudo, do desejo de seduzir o leitor.
Agradecemos às equipes do Museu e da Livraria Alpharrábio pela acolhida.
Que o Ateliê frutifique!
Mais informações sobre o projeto desenvolvido no Museu
podem ser encontradas no blog:
podem ser encontradas no blog:
http://alinhavandopontos.blogspot.com.br
E essa matéria verte que é uma beleza!! Fico muito contente em saber que iniciativas assim, coroam a criatividade, colaboram na formação das pessoas, ampliam o olhar e favorecem a perspectiva de guardar memórias e ao mesmo tempo desfazer-se delas. Acredito realmente no poder da escrita e esse poder ganha asas e valores quando mesclado com projetos como esse. Parabéns ao grupo, ao espaço e a toda trama ancestral, feminina ou não que soma-se ao ato da escrita. Ao ato de criar! um forte abraço na esperança de que o grupo revele suas produções de alguma forma... :-) beijos também, Elaine
ResponderExcluirFoi uma experiência preciosa, Elaine, que esperamos seja repetida em breve. Daí você poderá juntar-se a nós e trazer seus fios para essa trama da memória. Em breve publicaremos alguns textos resultantes no blog do projeto. Beijos!
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